Insensatez
Por Tom Jobim
A insensatez que você fez
Coração mais sem cuidado
Fez chorar de dor
O seu amor
Um amor tão delicado
Ah, porque você foi fraco assim
Assim tão desalmado
Ah, meu coração que nunca amou
Não merece ser amado
A insensatez que você fez
Coração mais sem cuidado
Fez chorar de dor
O seu amor
Um amor tão delicado
Ah, porque você foi fraco assim
Assim tão desalmado
Ah, meu coração que nunca amou
Não merece ser amado
Se alguém perguntar-me o meu gosto musical não tenho ideia do que posso responder. Mas se alguém perguntar-me por uma música, certamente ela será a Os índios da meia-praia.
Esta é uma música lindíssima, porém não pode ser compreendida sem levar-se em conta o contexto da época e a história que originou a cantiga.
Esta música foi composta como abertura para o documentário “Continuar a Viver ou Os Índios da Meia-Praia”. Documentário este que retrata a autoconstrução de um bairro na comunidade piscatória da aldeia de Meia Praia (Lagos), que originou o “bairro da Meia Praia”. Depois do 25 de Abril, a comunidade local, em parceria com a brigada do Serviço de Apoio Ambulatório Local (SAAL) de Lagos, procedeu à autoconstrução de um dos bairros do SAAL que ficaria imortalizado.
A composição desta bela canção tornou imortal a construção comunitária do bairro da Meia-Praia.
Mais uma belíssima canção de Zeca Afonso:
A política não é apenas o reino das ideias. Porém sim também um terreno de cheiros, cores e sabores. Basta lembrarmos das armas biológicas e perceberemos como a atividade política também é uma atividade de administração do clima, em todos os seus significados.
De certo não podemos esquecer do som. A música, principalmente, tem uma forte componente política. Basta-nos lembrar de que uma ópera de Wagner foi usada para assinalar a morte de Hitler.
Um exemplo parecido, apesar de diametralmente oposto é o caso da Grândola, Vila Morena do Cantautor português Zeca Afonso. Esta canção entrou para a história de Portugal por ser a canção usada para avisar de que o Movimento das Forças Armadas havia iniciado o que seria a Revolução dos Cravos. Esta cantiga é o soar da democracia, ao menos em Portugal.
Zeca Afonso a compôs em homenagem à cidade de Grândola, no Alentejo. Zeca a conheceu quando apresentou-se na Sociedade Musical Fraternidade Operária Grandolense.
A música fala sobre “Grândola, vila morena” a “Terra da fraternidade” em que “O povo é quem mais ordena / Dentro de ti, ó cidade”
Esta cantiga revolucionária prega a igualdade e a fraternidade “Em cada esquina um amigo / Em cada rosto igualdade”
Porém, além de tudo isso é mais uma belíssima canção do grande músico e poeta José Afonso (o Zeca!):
“À sombra duma azinheira / Que já não sabia a idade / Jurei ter por companheira / Grândola a tua vontade”